TEN MONTHS!

Escrevo rapidinho pois você já vai acordar... ficar no meu colo até estar totalmente neste lado da luz, atenta, olhando tudo que está ao seu redor, com olhinhos de sono que são os mais lindos que já vi. 

Em vão, vou deixar você no chão rodeada de brinquedos e tentar editar algumas fotos no computador, em um minuto você já estará no pé da escada, batendo no espelho, segurando o rabo do Ziggy, pegando toda pequena sujeira ou formiga que está no chão, com seus dedinhos precisos como pinças, abrindo a gaveta que está cheia das pequenas bonequinhas que foram minhas.

Essa semana você entrou no mundo das aventuras... caiu da cama, prendeu o dedinho na porta. Mais tarde, na sua próxima soneca, vamos juntas, cantarolar "haverá paradeiro, para o nosso desejo, dentro ou fora de nós?" até que durmas... quando sua face fica tão serena, que mesmo tendo um monte de coisas para fazer, eu fico mais uns 10 minutos só olhando para ti, sinto uma amostra de nirvana, êxtase, não-pensar, onde só há teu semblante.

Pequena, faz 10 meses que liguei a TV num sábado e estava passando Alice no País das Maravilhas, fui ao mercado já com contrações, a noite o trabalho de parto ficou intenso, nessas 15 horas ninguém existiu no mundo, só nós e nosso portal... nossa experiência e nascimento, meu mãe, tu filha.

Estamos envoltas nessa mágica desde então, cheiro, pele, todos os sentires brutos e visceralmente vivos. Você chegou e me tirou de cima do muro, se eu era extremista antes de ser mãe, agora sou matéria bruta, verdade nua e crua, sempre na raíz de tudo, para te dar base, suporte, " A verdade " que está em teu nome.

Eu era menina e tu me fez mulher, mãe, que chora enquanto escreve, como todas, fala as pequenices de sua cria com um sorriso estampado, que te defende como leoa. Que desdobra tantas fibras desse nosso mundo louco para que tenhas o que te é direito, uma vida limpa, alegre e correta.

Love you, mom.